Por Lucas Netto dos Santos
Salve rapaziada!
Meu nome é Lucas Netto dos Santos, e hoje eu vim compartilhar com vocês como foi a primeira vez que pratiquei o Moto Turismo. Tudo começou quando meu pai resolveu cogitar a ideia de viajar com uma motocicleta sozinho, mas percebeu que talvez sozinho não fosse tão interessante passar tanto tempo na estrada… e é aí que eu entrei na história! O ano era 2019 e apesar da experiência com motos e os poucos contatos, a vontade do meu pai de viajar já havia virado um plano; faltava a companhia e o local. Pronto! Pulei dentro e decidimos que o destino seria Carrancas – MG, município que fica a cerca de 300 km de Belo Horizonte.
Para entendermos melhor como funciona uma viagem de moto: o Turismo aqui passa longe da massificação. Nosso foco sempre é a viagem, e não o destino! Nunca havíamos realizado nenhuma viagem longa assim e os perrengues, medos, impasses e confusões foram inevitáveis. Isso tornou a viagem ainda mais especial; aprendemos a nos adaptar e a mudar os planos no meio do caminho, entre vários outros fatores que nos fizeram aprender o que o motociclismo poderia nos oferecer.
No caminho, o momento em que percebi a diferença do mototurismo para qualquer outro tipo de turismo foi quando estávamos na rodovia e todos os motociclistas que passavam no sentido contrário nos cumprimentavam com o sinal característico (segue um exemplo):
(FONTE: IMTBike, 2017)
O sentimento de pertencimento ao movimento é quase instantâneo: dezenas de motociclistas viajando em sentidos contrários, mas sempre se cumprimentando e fazendo questão de demonstrar – ainda que de longe e por pouco tempo – o respeito e a mesma sensação de pertencer à um grupo específico sem nenhuma “pré-seleção” para tal. No caminho, vimos paisagens que definitivamente se tornam cada vez mais bonitas pela visão de dentro do capacete: as serras de Minas Gerais, as cidades pequenas em que passávamos e víamos apenas uma rua principal com Igrejas extremamente bem conservadas. Claro que fazíamos paradas em cada uma delas. Os atores locais sempre são extremamente receptivos com os viajantes de moto, muitas vezes até nos oferecendo ajuda e produtos para continuarmos o caminho confortáveis e nos sentido acolhidos.
Chegando em Carrancas, não foi diferente e todos nos recepcionaram incrivelmente bem. A cidade é pequena, e hoje possui cerca de 4 mil e 100 habitantes. Nós ficamos em um acampamento, e no primeiro dia visitamos a Igreja Matriz da cidade e fizemos questão de percorrer todos os caminhos que podíamos a pé, para conhecer o máximo possível da cidade em que ficaríamos hospedados por duas noites. Logo à frente da Igreja, fui surpreendido ao encontrar um artesão mochileiro, que vinha do Pará e estava viajando pelo Brasil sem compromisso e com o dinheiro das vendas apenas. Tudo isso me fez mais interessado pelo curso com o qual eu me identificava! Hoje, após aprender muito do conteúdo teórico de Turismo, vejo como na prática realmente precisamos entender a viagem e o viajante de formas específicas para cada viagem e cada tipo de viagem.
No segundo dia, nos dedicamos a conhecer as paisagens ao redor da cidade e ficamos surpresos com o quanto o regionalismo faz com que pensemos no nosso estado como algo “normal”, “sem graça” etc. Além disso, antes de sairmos na madrugada do último dia, fomos surpreendidos com uma tradição da cidade: os moradores fazem uma volta pelo centro tocando e cantando músicas regionais e super animadas. Esse fator foi uma das surpresas mais divertidas da viagem toda, e não pudemos nos conter dentro da barraca. Saímos às 5h da manhã para as ruas aguardando os moradores passarem e gravamos a animação deles, nos animando também para o caminho de volta.
Durante a volta novamente inúmeros problemas e perrengues, e novamente digo que cada um deles valeu a pena para nos tornarmos viajantes mais preparados e sendo menos surpreendidos!
Ao chegar em Belo Horizonte, a sensação de cumprimento de missão e felicidade foi indescritível, e me tornou mais que admirador do movimento motociclista e do mototurismo. Virei um aspirante à motociclista e hoje finalmente posso dizer que com os conhecimentos adquiridos durante o curso sou um viajante. E não apenas viajante, motociclista.
Em resumo é isso, e espero que tenham gostado desse resumo do que é uma viagem rodoviária via moto.